O começo de uma sociedade empresária é muito bonito: você e seu(s) sócio(s) estão em perfeita sincronia, todos com os objetivos alinhados e muito empolgados com a possibilidade de ganhar dinheiro.
Sócios no começo da empresa |
No entanto, o grande número de empresas que vão à ruína por conta de desavenças societárias demonstra que a empolgação inicial costumeiramente se torna um pesadelo com o passar do tempo.
Sócios depois de um tempo |
Por que isso ocorre?
Existe uma frase de Maquiavel que é mais ou menos assim: dê poder ao homem e você descobrirá quem ele realmente é.
Certamente Maquiavel se referia ao poder político, mas acredito que a frase em questão tem muita utilidade no âmbito societário.
Por não ser subordinado a ninguém, um empresário acaba por ter mais controle sobre seu horário de trabalho, sobre as decisões, sobre o caixa, enfim, uma autonomia maior sobre praticamente tudo se o compararmos a um celetista ou funcionário público.
Coloque esse tipo de poder/autonomia nas mãos de um babaca e pronto, a sementinha do mal para a destruição da sua sociedade está plantada.
Passada a fase de euforia pós-criação da empresa, o sócio babaca vai começar a abusar das "liberdades" que tem, praticando uma ou mais coisas que listarei a seguir:
1 - Desleixo com horário
O sócio babaca vai achar que qualquer coisa relativa a vida pessoal é motivo justo para não dar as caras na empresa.
2 - Desleixo com produtividade
De igual maneira, o sócio babaca tende a se tornar menos produtivo, na medida em que a ausência de superior hierárquico faz com que ele reduza o ritmo do próprio trabalho no limite do que ele julga que os demais sócios vão tolerar.
3 - Desleixo com questões administrativas
O mais perigoso de tudo é o desleixo do sócio babaca com as questões administrativas, permitindo com que a empresa faça coisas perigosíssimas e extremamente comuns no micro-empreendedorismo brasileiro, tais quais:
1 - Suruba contábil com confusão entre patrimônio da empresa e patrimônio dos sócios.
2 - Sonegação de imposto, usando o dinheiro do tributo para financiar a atividade ou até mesmo para distribuir a título de lucro.
3 - Avaliar o desempenho da empresa com base no dinheiro que está na conta bancária, como se todo um universo de direitos e obrigações pudesse ser simplificado dessa forma.
4 - Achar que contabilidade é um fardo, e não uma forma de controle, e por esse motivo contratar o contador mais barato que encontrar, sujeitando-se a um serviço mal feito, o que pode gerar consequências perante o fisco.
4 - Não saber lidar com conflitos
Sócios divergem regularmente.
Isso não é necessariamente ruim, eu particularmente me sinto mais seguro ao saber que tudo que eu faço passa por uma espécie de corredor-polonês intelectual feito pelos meus colegas - prefiro que algum erro meu seja corrigido dentro da empresa do que repassado para algum cliente.
O sócio babaca lida com o embate de ideias de uma maneira infanto-juvenil, guardando rancor quando é voto vencido ou ficando com orgulho ferido quando alguém demonstra que ele está errado.
Se você tem uma empresa e detectar um dos sintomas acima em algum sócio, melhor ligar o sinal amarelo e ficar alerta.
Esses comportamentos parecem toleráveis a princípio, mas pode ter certeza que eles vão corroendo a boa convivência até se tornarem insuportáveis, então minha dica é: não tolere, converse com a pessoa o quanto antes ou pule fora antes que você entre numa piscina de prejuízos e ressentimentos.
Minha empresa presta assessoria para outras pessoas jurídicas, inclusive em matéria de dissolução de sociedades, então tenho um repertório amplo de histórias envolvendo tretas bizarras entre sócios para compartilhar com vocês em algum post futuro.
Por hoje é só. Abraço!
Existe uma frase de Maquiavel que é mais ou menos assim: dê poder ao homem e você descobrirá quem ele realmente é.
Certamente Maquiavel se referia ao poder político, mas acredito que a frase em questão tem muita utilidade no âmbito societário.
Por não ser subordinado a ninguém, um empresário acaba por ter mais controle sobre seu horário de trabalho, sobre as decisões, sobre o caixa, enfim, uma autonomia maior sobre praticamente tudo se o compararmos a um celetista ou funcionário público.
Coloque esse tipo de poder/autonomia nas mãos de um babaca e pronto, a sementinha do mal para a destruição da sua sociedade está plantada.
Passada a fase de euforia pós-criação da empresa, o sócio babaca vai começar a abusar das "liberdades" que tem, praticando uma ou mais coisas que listarei a seguir:
1 - Desleixo com horário
O sócio babaca vai achar que qualquer coisa relativa a vida pessoal é motivo justo para não dar as caras na empresa.
_ Amor, são 11 horas, não vai trabalhar hoje?
_ Relaxa e engole a bisnaguinha, querida, eu que controlo meus horários. |
De igual maneira, o sócio babaca tende a se tornar menos produtivo, na medida em que a ausência de superior hierárquico faz com que ele reduza o ritmo do próprio trabalho no limite do que ele julga que os demais sócios vão tolerar.
"Trabalhando pesado hoje". |
O mais perigoso de tudo é o desleixo do sócio babaca com as questões administrativas, permitindo com que a empresa faça coisas perigosíssimas e extremamente comuns no micro-empreendedorismo brasileiro, tais quais:
1 - Suruba contábil com confusão entre patrimônio da empresa e patrimônio dos sócios.
2 - Sonegação de imposto, usando o dinheiro do tributo para financiar a atividade ou até mesmo para distribuir a título de lucro.
3 - Avaliar o desempenho da empresa com base no dinheiro que está na conta bancária, como se todo um universo de direitos e obrigações pudesse ser simplificado dessa forma.
4 - Achar que contabilidade é um fardo, e não uma forma de controle, e por esse motivo contratar o contador mais barato que encontrar, sujeitando-se a um serviço mal feito, o que pode gerar consequências perante o fisco.
"Provisiono R$ 5 mil para pagar o ISS ou distribuo esse dinheiro e viajo pra Búzios?" |
Sócios divergem regularmente.
Isso não é necessariamente ruim, eu particularmente me sinto mais seguro ao saber que tudo que eu faço passa por uma espécie de corredor-polonês intelectual feito pelos meus colegas - prefiro que algum erro meu seja corrigido dentro da empresa do que repassado para algum cliente.
O sócio babaca lida com o embate de ideias de uma maneira infanto-juvenil, guardando rancor quando é voto vencido ou ficando com orgulho ferido quando alguém demonstra que ele está errado.
"Tô chateado, discordaram de mim". |
Esses comportamentos parecem toleráveis a princípio, mas pode ter certeza que eles vão corroendo a boa convivência até se tornarem insuportáveis, então minha dica é: não tolere, converse com a pessoa o quanto antes ou pule fora antes que você entre numa piscina de prejuízos e ressentimentos.
Minha empresa presta assessoria para outras pessoas jurídicas, inclusive em matéria de dissolução de sociedades, então tenho um repertório amplo de histórias envolvendo tretas bizarras entre sócios para compartilhar com vocês em algum post futuro.
Por hoje é só. Abraço!
relaxa e engole a bisnaguinha kkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirOlhei a imagem de novo e tá mais pra croissant do que bisnaguinha...
ExcluirNossa, excelente texto e me deixe elogiar tambem as imagens perfeitamente inseridas, a dos ursinhos carinhosos foi demais kkk.
ResponderExcluirPor isto.continuo eu e eu na construcao, acho q nao daria certo uma sociedade, tenho meu pai como.exemplo,.sempre teve problemas em sociedade.
Abraco
O único cara que conheço que mexe com construção civil também faz tudo sozinho e está tocando o bonde muito bem.
ExcluirAbraço!
kkkkkkkkkkkkk, eu ri alto
ExcluirDo quê o_o
ExcluirSociedade é igual casamento " " maior parte da errado, aqueles que dão certo são extremamente lucrativos, satisfatórios etc.
ResponderExcluirA dificuldade reside em encontrar um sócio compatível com nossa visão de mercado.
Concordo contigo. Espero que minha sociedade se torne extremamente lucrativa.
ExcluirAbraço meu mestre!
Por isso quando eu abrir minha empresa daqui a alguns anos, pretendo ser o único dono. Desse jeito ela vai depender do meu comportamento para sobreviver, se eu for maduro e estiver apto a escutar, aprender sempre, a empresa pode ter um ótimo futuro.
ResponderExcluirCurioso Seu Madruga, já não basta o governo tentar foder com tudo, o empresário tem que se preocupar com mal sócios também.
Fala Revigorado, tudo bem?
ExcluirEu gosto dos meus sócios, mas me pergunto como estaria minha vida hoje se tocasse uma empresa sozinho.
Quanto ao lance do sócio, é o que sempre comentam aqui no blog: estamos no Brasil, a chance de achar um sócio e ele se revelar um babaca é grande.
Abraço!
Muito bom esse post. Nos negócios que tive sócio, só me ferrei.
ResponderExcluirAdicionei você ao meu blogroll. Dê uma olhada lá quando puder.
solteiraocurtidor.wordpress.com
Obrigado solteirão. Vou dar uma olhada sim. Abraço!
ExcluirÉ parceiro, tem muito sócio quer que ele entre com o dinheiro apenas e vc entre com o dinheiro e o trabalho. No fundo, o quer esse "sócio" pensa é que apenas ele é o dono da empresa, o outro sócio é um mero empregado com participação nos lucros. Texto magistral! No aguardo dos próximos sobre o assunto.
ResponderExcluirUm abraço,
Mas em alguns casos o sócio investidor tem a maior parte da grana, parece um pouco injusto chamar de preguiçoso quem apenas colocou dinheiro.
ExcluirSomos todos acionistas aqui, temos participações em várias empresas, isso nos torna "parasitas" ?
É óbvio que quem está todo dia tem direito a salário ou pro labore, e, deve ser pago de maneira justa, mas não dá para criticar quem quer apenas receber os dividendos.
Obrigado Portuga, mais posts sobre o assunto virão em breve!
ExcluirAnon, entendi o que você quis dizer, acho que tudo depende do que foi acordado entre os sócios.
Certamente um sócio pode entrar só com o dinheiro e ser um sócio investidor, sem poder de gerência, contanto que isso fique muito bem definido entre todos e esteja expresso no contrato social.
Abraço aos dois!
Ao anônimo acima, parceiro, eu pelo menos entendi no texto, além do que o madruga falou acima, que se trata dos defeitos de sociedade em que os dois entraram com o capital e se comprometeram a trabalhar por igual.
ExcluirQuanto aos outros tipos de sociedade sem problema, vc está com a razão.
Um abraço,
Madruga, nunca tive a oportunidade de ter sociedade. Contudo acredito que deva ser igual a um casamento. E quanto mais sócio maior fica a suruba. Termos claro e bem escritos são extremamente necessários. Não da para aturar uma criança com dinheiro como sócio. Elas acham que tem liberdade e ainda o poder de escolha (dinheiro) está a favor. Fugir dessa situação é a melhor.
ResponderExcluirConcordo contigo, Rato. Muita gente acha que a sinergia que existe/confiança que existe entre as pessoas quando elas estão começando uma empresa é suficiente pra tudo dar certo. A verdade é o que você disse: tem que estar tudo muito bem escrito, do contrário surpresas negativas ocorrerão e possibilidades de novos ruídos sempre existirão.
ExcluirSeu comentário foi muito pertinente. Abraço!
Quem diz que vai trabalhar e depois fica na vadiagem é irresponsável. O ideal é definir por escrito qual será o horário de cada um.
ResponderExcluirO horário, a porcentagem sobre os lucros e tudo que for imaginável deve ser colocado no papel.
ExcluirAbraço anon!
Sócios... melhor não tê-los. rs
ResponderExcluirJá fui defensor ferrenho da "vida em sociedade", mas com o passar dos anos estou começando a concordar contigo
ExcluirNa meu ponto de vista o pior de todos os itens citados no post são os conflitos (4).
ResponderExcluirRealmente deve ser escroto ver um sócio ficar de birra ou se sentindo o tal dependendo das decisões relacionadas à uma reunião ou algo do gênero. Pior ainda os que não aceitam opiniões alheias e se fecham por achar que estão no comando de tudo.
Como tudo na vida, existe sempre o lado positivo e negativo e neste caso, temos alguns pontos do lado negativo da sociedade.
Madruga, aguardo ansioso pelos posts sobre as tretas entre sócios.
Forte Abraço!
Fala aí, Albino! Em algum momento de 2016 esse post sai!
ExcluirAbraço!
O sócio que quer explorar o outro tbm não é algo muito fora do comum.
ResponderExcluirVerdade!
ExcluirUma frase mais precisa é do Abraham Lincoln: "Quase todos os homens podem suportar adversidade, mas se quiser por à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder" ("Nearly all men can stand adversity, but if you want to test a man's character, give him power").
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