quinta-feira, 21 de julho de 2016

Inflação do padrão de vida e efeito Diderot

É curioso como a corrida dos ratos (ou matrix financeira, ou qualquer outra denominação que você preferir) vai sorrateiramente dominando a vida das pessoas sem que elas ao menos percebam o que está acontecendo.

A idade em que me encontro - quase 30 anos - tem me permitido assistir de camarote como pessoas da minha faixa etária vão lentamente entrando nessa dança de gastar o que ganham sem grandes preocupações.

O fenômeno inicia quando, depois de alguns anos no mercado de trabalho, o jovem adulto finalmente começa a ganhar uma remuneração que considera digna.

É nesse momento que a grande maioria das pessoas, deslumbradas com um poder de compra que nunca tiveram, querem experimentar o melhor que sua nova capacidade financeira pode oferecer, e ao proceder dessa forma entram numa espiral de consumo geralmente sem saída.

Mas não se trata apenas de uma questão de experimentar o melhor: o brasileiro médio sente uma necessidade enorme de se exibir perante terceiros, e está mais do que disposto a pagar caro pra "mostrar que está bem".

Como eu vejo o Facebook: "Olá amigos. Eu tô bem. Comentem com os outros sobre como minha vida é maravilhosa, por favor. E deem like na minha foto".
Postar seu extrato bancário no seu perfil do Facebook só faria você se passar por doido, então a forma "socialmente adequada" de massagear seu próprio ego perante terceiros não é mostrando que você tem dinheiro em espécie, e sim transformando a grana em bens materiais, como uma camisa de R$ 400,00, um carro de R$ 80 mil e ingressos de R$ 150,00 para baladinhas caras, para o deleite dos fabricantes de camisa, das montadoras e dos organizadores de festinhas.

A busca por mais conforto, o vício nos pequenos prazeres de curto prazo e a necessidade de se exibir para os outros encarece e muito o custo de vida - é a famosa "inflação do padrão de vida" - e quando a pessoa se dá conta, o que ela enxerga como sua própria vida envolve uma estrutura muito cara de se manter.


Um exemplo bem interessante da inflação do padrão de vida vem de 247 anos atrás, quando o filósofo francês Diderot escreveu um pequeno texto intitulado "Regrets on Parting with My Old Dressing Gown".

Como o texto em questão é chato pra cacete, eu prefiro resumir pra vocês do que recomendar que vocês leiam por conta própria:

Diderot estava feliz com o seu roupão velho e surrado, até que foi presenteado com um novo roupão de altíssimo nível.

"Tô chique pra caralho com esse novo roupão", pensou Diderot
Olhando ao seu redor, Diderot se deu conta de que, comparado ao seu elegantíssimo roupão novo, todas os bens dentro de sua quitinete pareciam uma grande bosta.

Sentindo-se mal por estar vestindo um roupão aristocrático enquanto vivia num cafofo cheio de móveis comidos de cupim, nosso amigo Diderot foi na Tok&Stok e comprou novos móveis, além de ter ido nas Lojas Americanas comprar novas panelas e outros utensílios domésticos.

O texto termina com Diderot se lamentando sobre como essa sua nova postura lhe entupiu de dívidas, e a conclusão apenas reforça o que ele afirma logo no começo do texto: que ele era o mestre de seu roupão velho, mas se tornou um escravo do seu novo roupão.

Botando a firula de lado, o que Diderot quis dizer é que antes ele controlava sua própria vida, mas depois se tornou escravo do novo padrão que passou a ostentar, já que manter esse padrão custa caro e lhe endivida.

Esse conto é legal porque a grande maioria das pessoas são vítimas do efeito Diderot: vão introduzindo bens cada vez mais sofisticados em sua vida, e quando menos se dão conta estão numa espiral de consumo que, como eu disse antes, costuma ser um caminho sem volta.

Para explicar de forma bem didática porque a inflação do padrão de vida costuma ser um caminho sem volta, permitam-me contar para vocês uma história real:

Uma vez um conhecido me disse: "Madruga, não tenho mais de onde cortar despesas, onde dava pra cortar eu já cortei".

Conhecendo bem a pessoa, eu poderia ter respondido: "Tem tanta despesa que você pode cortar que eu nem sei por onde começar. Troque Sky por Netflix, venda um de seus carros, venda sua moto, demita sua empregada, mande seu filho arranjar um estágio, mude para um prédio em que a taxa condominial não seja R$ 1.000,00/mês".

Essa resposta ficou só no meu pensamento. Tomado pelo bom senso, limitei-me a dizer: "pois é, não tá fácil pra ninguém", primeiro porque não queria me meter na vida dele, segundo porque o alto padrão de vida está tão fundido com a identidade dele, que ele sequer consegue enxergar aquilo tudo como despesas passíveis de serem cortadas, embora na minha perspectiva ele tivesse coisa de sobra para cortar.

"Já cortei todas as despesas possíveis"
É aí que tá o problema: o seu padrão de vida se confunde com sua identidade, e abrir mão do "padrão conquistado" traz abalo psicológico para a maioria das pessoas, que se enxergam nas posses que têm.

Agora eu lhes pergunto: a pessoa que inflou o padrão de vida está melhor do que a pessoa que não inflou, inclusive em termos de conforto? Aos olhos da sociedade a resposta é "sim, com certeza!", mas com base em uma visão mais racional, a resposta correta é não necessariamente.

Digo isso pois, pensando em termos de bem-estar, uma pessoa que mora num apartamento de 50 m² com móveis de segunda mão pode estar se sentindo bem melhor do que uma pessoa que mora em um apartamento de 150 m² com móveis planejados, por mais que a princípio isso pareça um contrassenso.

Não é um contrassenso pois a sensação de bem-estar é interior, e há quem tenha se programado para morar pequeno e esteja se sentindo bem melhor com isso do que a pessoa que inflou o padrão de vida.

Outro detalhe curioso é que, ao inflar seu padrão de vida, você tende a se sentir recompensado no curto prazo, mas no longo prazo você se acostuma com tudo que "conquistou", e ao se acostumar as suas "conquistas" não te impressionam tanto assim.

A título de exemplo: minha empresa tem uma vista privilegiadíssima, ao ponto dos clientes que aparecem por lá sempre ficarem impressionados e quererem tirar foto, inclusive conheço duas pessoas que usam fotos da vista da janela da minha empresa como wallpaper de celular.

Eu tenho consciência de que a vista é privilegiada, mas depois de cinco anos convivendo com ela é exatamente assim que me sinto toda vez que alguém aparece e solta um "caramba, que vista!":


É dizer que, mesmo tendo uma vista privilegiada no meu local de trabalho, anos convivendo com aquilo tiraram qualquer sensação de empolgação que existia dentro de mim, e o mesmo acontece com qualquer coisa relativa à inflação do padrão de vida: quando você acostuma com o padrão mais alto, a tendência é que a graça vá embora, embora o custo permaneça.

A minha vida enquanto ser produtivo tem sido uma verdadeira renúncia à inflação do padrão de vida. Desde que comecei a ganhar algum dinheiro, não busquei nada além de um teto para dormir, computador com internet e livros, isso sem a sensação de que estou fazendo um grande sacrifício.

Tirando as pequenas encrencas do dia-a-dia, eu sinto um bem-estar muito grande com a vida que levo, e posso garantir pra vocês que alguém com um padrão de vida 10 vezes maior que o meu não necessariamente está sentindo 10 vezes mais sensação de bem-estar que eu, pois não é assim que a coisa toda funciona.

Então minha dica aos amigos da blogosfera é: sempre procurem o bem-estar, mas façam isso sabendo que ele não necessariamente se encontra vinculado a um aumento no "padrão de vida", e se você sentir bem-estar sem se submeter ao efeito Diderot, você tende a ser recompensado em termos de acúmulo patrimonial.

Por fim, devo dizer que não estou de forma alguma propondo que você viva como um mendigo enquanto destina todo o seu salário à Nossa Senhora do Aporte, mas sim que pense, e pense muito, sobre a real necessidade de cada coisa que você pretende adquirir, e que reflita bastante sobre as suas necessidades, pois frequentemente mentimos para nós mesmos ao dizer que precisamos de algo só para comprar.

Aquele abraço!

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Semi-conhecidos podem trazer oportunidades inimagináveis

Costumamos esperar que boas oportunidades surjam ao se trabalhar duro ou trazidas por pessoas com quem temos vínculo de amizade ou parentesco, e talvez por conta disso muitos de nós cometemos o erro de não cultivar um bom relacionamento com as pessoas semi-conhecidas.

Tenho lido bastante sobre relações interpessoais e estou convencido de que, para alcançar o sucesso profissional e financeiro que tanto desejo, preciso aprimorar cada vez mais a forma como lido com os semi-conhecidos.

Não estou falando aqui de transformar semi-conhecidos em amigos, mas tão somente de manter uma ótima relação com eles, a fim de que eles se lembrem de minha pessoa quando oportuno for.

Se você sente incômodo quando encontra um semi-conhecido no elevador, quando cruza com um na rua, quando você marca algo com um amigo e ele aparece com um semi-conhecido do lado, enfim, se você evita os semi-conhecidos na medida do possível, como tanta gente faz por aí, convido-lhe a repensar a sua conduta também. 

Conversa padrão com semi-conhecido no elevador: "nossa, que calor está fazendo hoje, né?"
Refletindo sobre a minha curta trajetória profissional, observei que colhi muitos frutos simplesmente porque caí na graça de alguns semi-conhecidos.

Por exemplo: na universidade eu me dei bem com um colega de sala e ele me arranjou um excelente estágio numa repartição pública, que na época pagava bem mais do que qualquer outro estágio disponível nas redondezas.

Na repartição em questão eu conheci muita gente, pois fui designado justamente para a área de atendimento ao público, onde me esforcei ao máximo para atender o público da melhor forma possível.

Madruga atendendo ao público
Ajudei muita gente nessa época, pois eu era a única pessoa na repartição inteira que efetivamente se comprometia a resolver problemas, e como era de se esperar, a grande maioria das pessoas que ajudei não me deu nem mesmo um "obrigado".

No entanto, quando concluí a graduação e tive que sair do estágio, recebi propostas de emprego de alguns semi-conhecidos que frequentavam a repartição e me viram com bons olhos.

Aceitei a proposta de um desses semi-conhecidos e hoje somos sócios de uma empresa há muitos anos.

Os primeiros anos de empresa foram muito tensos, mas graças a uma semi-conhecida que também conheci no estágio, consegui fechar um contrato de R$ 100 mil que deu uma bela aliviada no caixa da minha empresa e me impediu de virar mendigo.

Eu não era amigo ou parente de nenhuma dessas pessoas que citei acima, e ainda assim cada um deles me ajudou de alguma forma, mesmo que em menor intensidade.

Essas pessoas não me ajudaram porque sou um cara bonito, mas sim porque, na perspectiva delas, eu era um semi-conhecido que sempre as ajudou quando foi necessário, mesmo não tendo a menor obrigação de ajudá-los, e graças a isso elas passaram a sentir simpatia pela minha pessoa, ao ponto de lembrarem de mim quando poderiam ter se lembrado de centenas de outros profissionais da minha área.

Mas porque semi-conhecidos foram tão importantes para mim, e de que forma eles podem se tornar importantes para você?

A explicação que li nas minhas leituras sobre relacionamentos entre pessoas é a seguinte:

As pessoas que você considera mais íntimas em regra passam muito tempo com você, ou frequentando os mesmos lugares que você, ou lidando com as mesmas pessoas que você já conhece. 

Por conta disso, elas tendem a passar menos informações sobre você a estranhos, já que vocês frequentam basicamente os mesmos círculos sociais.

Dessa forma, informações sobre sua pessoa (sobre como você é um ótimo profissional, por exemplo), não se espalham com a mesma intensidade que se espalharia se você mantivesse um bom relacionamento com um grande número de semi-conhecidos, já que estes podem (ou não) propagar informações sobre você para pessoas "novas".

Ao manter um bom relacionamento com um grande número de semi-conhecidos, alguns deles haverão de lembrar de você quando for pertinente, podendo transmitir alguma informação positiva sobre sua pessoa (que você é um excelente profissional) a pessoas que você não conhece.

A moral da história é que  um grupo de X semi-conhecidos que gostam de você, mesmo que não te considerem um amigo, pode "vender o seu peixe" com mais intensidade do que um grupo de X pessoas que você considera amigas, pois a informação repassada pelo grupo de X semi-conhecidos tende a alcançar mais "ouvidos novos" do que as repassadas pelo grupo de X amigos, afinal este último grupo meio que "vive no mesmo mundo" que você, logo tende a te trazer menos oportunidades inéditas.

Ao se tornar uma pessoa excessivamente focada nos laços de amizade/parentesco e desatenta ao relacionamento com quem não é amigo ou parente, você tranca boa parte das portas que poderiam conter boas oportunidades dentro.

O cara da esquerda é muito chegado nos amigos e parentes enquanto ignora semi-conhecidos por considerar que está satisfeito com o seu círculo social. O cara da direita dá a mesma atenção a amigos e parentes, mas sabe se relacionar bem com semi-conhecidos. Quem será que terá mais oportunidades?
De acordo com um dos artigos que li (link ao final do post), os semi-conhecidos tomam importância ainda maior no mundo dos negócios, onde o troca-troca de informações e recomendações sobre produtos e serviços é muito mais intenso.

Infelizmente eu não tive o tempo que gostaria para escrever este post, mas espero ter conseguido transmitir a mensagem do dia: preste mais atenção na forma como você lida com semi-conhecidos.

Só uma observação final: a não ser que você tenha um motivo muito bom para isso, não perca tempo cultivando relacionamento com semi-conhecidos da classe "D", "E" e pessoas abaixo da linha da pobreza. O tempo é um recurso que precisa ser bem administrado, e em regra você não terá nenhum retorno positivo vindo de pobres ou do mendigo da sua rua.

Aquele abraço!

Sugestões de leitura:

1) O post "O estagiário cara de cu e o poder do networking".
2) O artigo "The strenght of weak ties" de Mark Granovetter, publicado no American Journal of Sociology, Volume 78, Issue 6 (procure no Google que você vai achar sem dificuldades).
3) Todos os outros posts do meu blog, rs.

domingo, 3 de julho de 2016

Desempenho junho/2016 (+4,83%)

Nesse mês de junho dei mais um passo de tartaruga rumo aos R$ 100k. Vejamos:


Aproveito o fim do semestre para comparar a rentabilidade do meu patrimônio com a de alguns blogueiros que já fizeram seus posts de junho:

Mestre dos Dividendos: 1% a.m.
Investidor Livre: 2% a.m.
Dr. Honorários: 2,5% a.m.
Surfista Calhorda: 3,12% a.m.
Executivo Pobre: 3,72% a.m.
Madruga: 0,67% a.m.


Ao contrário de mim, todos os colegas acima citados investem em ações e pelo visto o mercado tem sido generoso, o que pode explicar o bom desempenho deles, mas não justifica os meus pífios 0,67%.

Preciso, então, sentar na cadeira e tentar entender o que está acontecendo.

A propósito, vou dizer como está distribuído meu patrimônio, e se alguém descobrir o que está socando a minha rentabilidade para baixo, peço que me avise:

R$ 30k em LFT.
R$ 14,5k em NTN-B P 2019.
R$ 4.1k em LTN 2018.
R$ 25k em CDB de banco obscuro rendendo 1% a.m. líquido.
R$ 4,5k em KNRI11, rentabilidade no semestre de 3,4% a.m.
R$ 4,1k em AGCX11, rentabilidade no semestre de 0,98% a.m.
R$ 3,9k em RNGO11, rentabilidade no semestre de 0,44% a.m.
R$ 4,2k em BBPO11, rentabilidade no semestre de 2,5% a.m.
R$ 3,1k em Caderneta de Poupança.

Deve ter algo a ver com o fato de que parte relevante do meu patrimônio está aplicado em TD, eu registro valores líquidos na minha planilha, e no momento a tabela regressiva do IR ainda está na alíquota máxima. Será esse o motivo?

Empresa:

Mês tranquilo na minha empresa com uma distribuição de lucros mediana que me permitiu aportar 3.300,00 temers.

Em junho as expectativas de ver dinheiro grande entrando continuaram sendo meras expectativas, como aliás vem sendo desde que comecei a trabalhar.

Todo santo mês eu acho que vai entrar uma grana cabeluda e que farei um aporte turbinado, mas no fim das contas isso não acontece e meus posts de desempenho mensais são sempre compostos de aportes modestos.

Estou numa situação financeiramente confortável, mas que nem de longe considero satisfatória.

Digo isso pois não acho que vale a pena ser empresário e só ganhar em média 5 ou 6 mil temers por mês, como tenho ganhado.

Se for pra ganhar só isso, é bem melhor virar funcionário público, já que ao menos você terá estabilidade e nenhuma pressão.

Passe num concurso, deixe o pudor de lado e se junte ao clube dos que mamam nas tetas dessa prostituta chamada Estado brasileiro. Haja como se seu cargo fosse o mais importante do universo, conte para todo mundo sobre como você trabalha pesado, te garanto que por educação as pessoas vão fingir que acreditam.

Se for para ganhar só R$ 5/6 mil, também é preferível ser empregado na iniciativa privada.

Sei que ser empregado na iniciativa privada não é tão confortável quanto encostar num cargo público, mas ao menos você terá sua remuneração todo mês, terá direitos trabalhistas e o risco da atividade empresarial será do dono da empresa, e não seu.

"M-Mas eu quero empreender, não quero ter chefe e quero controlar meus próprios horários".

Ouço e leio bastante esse papo, inclusive na blogosfera.

É claro que todo mundo deseja isso, pois não ter chefe e poder controlar seus próprios horários é algo realmente fantástico.

Sinto-me muito bem em poder trabalhar sem gente me vigiando, sem bocas dizendo o que é permitido, sem precisar pedir autorização pra sair de tarde e resolver problemas pessoais.

Esse é o tipo de liberdade que, depois que você adquire, não quer mais perder nunca mais.

Mas o discurso do "empreender-não-ter-chefe-e-controlar-meus-horários" é sempre focado no bônus, o ônus quase sempre é deixado de lado.

O ônus a que estou me referindo é o risco da atividade empresarial.

O risco da atividade empresarial é o responsável pelo altíssimo índice de mortalidade das empresas que sempre se noticia por aí.

Ele é, em suma, a enorme possibilidade das coisas não acontecerem da forma como você planejava, e de brinde você ainda ser surpreendido com empecilhos e imprevistos inimagináveis, além de ter que lidar com um poder público hostil às empresas, que parece sentir prazer em atrapalhar.

É também a possibilidade de estar tudo bem com sua empresa por 10, 15, 20 anos, e depois você sofrer algum revés violento, falir e passar o resto da vida tendo que manter seu patrimônio em nome de terceiros para fugir de credores e juízes trabalhistas.

É um campo minado, um risco que não vale a pena correr por R$ 5/6 mil, pois a falência costuma ser algo infinitamente mais drástico do que ser demitido de um emprego, e por isso eu volto a repetir: se você almeja ganhar só isso, seja funcionário público ou empregado.

No meu específico caso, sigo tocando uma empresa pois acredito piamente que ela renderá bons frutos. Se algum dia eu perder a fé na possibilidade de enriquecer com minha empresa, seguirei o conselho deste post e procurarei outros rumos.

Vida pessoal:

No campo pessoal junho é um mês que não me agrada por dois motivos: (1º) tem o dia dos namorados, data criada com o único intuito de transferir dinheiro do seu bolso para o bolso dos comerciantes, e (2º) além disso eu completo "x" anos de namoro, outra situação que me deixa moralmente vinculado a fazer um agrado para a parceira.

Como me sinto todo mês de junho
É um mês que sempre me põe a pensar sobre como o ato de dar presente é estranho.

Presentear é algo tipo: "gosto tanto de você que gostaria de demonstrar apreço te dando essa sapatilha que me custou R$ 170,00, que eu não sei se você vai gostar ou simular que gostou, não sei se vai caber no seu pé ou se você vai ter que ir na loja trocar, não sei se você compraria essa sapatilha se os R$ 170,00 que eu gastei fossem seus, mas enfim, eu precisava te dar algum objeto manufaturado para demonstrar minha estima e consideração, então sorria".

Não faz sentido.

Eu gostaria que houvesse um acordo entre todas as pessoas que eu conheço e eu proibindo a troca de presentes entre si, de modo que quem quiser mostrar apreço um pelo outro assim o faça mediante carta, SMS, telefonema, WhatsApp, Telegram, Facebook, Orkut, sinal de fumaça, marcarem de se encontrar etc, tudo menos presentes.

Mas no geral eu já sou socialmente estranho por uma série de outros motivos, então por ora vou continuar entrando na dança do presente e continuar agindo como se o ato de presentear fizesse algum sentido, embora para mim não faça.

Há outros assuntos que quero comentar, mas vou fazer isso em posts separados ao longo de julho.

Aquele abraço! Bom 2016/2 a todos!
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