sábado, 20 de fevereiro de 2016

Gasolina com os dias contados?

Nos primórdios da história automobilística haviam carros elétricos, a vapor e de combustão interna. 

Um carro elétrico em 1884
Eram todos uma merda, cada um com suas respectivas limitações, até que Henry Ford revolucionou a coisa toda criando carros com preço acessível e "user friendly", suprindo algumas necessidades que os consumidores finais nem sabiam que tinham.

Ford Model T
Foi por conta do Ford que os carros começaram a ser produzidos em escala industrial, e o motor que passou a prevalecer desde então é o de combustão interna.

O carro elétrico só foi ressuscitar muito tempo depois, mais especificamente na década de 1990, quando o governo da Califórnia decretou que certa porcentagem dos carros produzidos ali deveriam ter emissão zero de carbono.

Ao mesmo tempo que fazia um lobby violento para o decreto cair, a GM resolveu cumpri-lo lançando o EV1, o primeiro carro elétrico produzido em massa na história (pouco mais de mil unidades).

Feio pra cacete, porém silencioso e rápido, a versão mais moderna do EV1 tinha bateria com autonomia para 257km.
A GM não vendia EV1, fazia leasing sem opção de compra.

Assim que o decreto californiano caiu por pressão das montadoras, a GM recolheu todos os EV1 que estavam em circulação e mandou triturá-los, para desgosto dos usuários do veículo em questão.

Com o fim do decreto, as montadoras puderam respirar aliviadas novamente, pois poderiam continuar focando no que sabiam fazer de melhor: o bom e velho carro movido a combustível fóssil.

"Ufa!", pensaram as montadoras
Mas por quais motivos o carro elétrico é indesejado pelas montadoras?

A resposta é simples: o mercado de carros é majoritariamente à combustão e elas dominam esse mercado, então não há razão para arriscar uma mudança. Em outras palavras, "em time que está ganhando não se mexe".

Mudança envolve gastos com pesquisa, envolve a entrada de novos players no mercado, envolve uma possível nova divisão do mercado, envolve um esforço e um risco que para as montadoras simplesmente não compensa, pois elas já detêm todo o know-how para fazer fortuna com as coisas do jeito em que estão.

Felizmente para a camada de ozônio, uma pessoa chegou para destruir a centenária indústria automobilística baseada em motor de combustão interna, e ao que tudo indica ele tem as credenciais necessárias para tal façanha.

Elon Musk
Caso você ainda não conheça o futuro homem mais rico do planeta, permita-me apresentá-lo:

Elon Musk nasceu na África do Sul, apanhava na escola por ser nerdão, lia muito livro de ficção científica, jogava e programava jogos.

Vendo que seu país de origem estava longe de ser um bom lugar para empreender, aproveitou a cidadania canadense da mãe para imigrar para o Canadá, mas já ambicionando uma posterior imigração para os EUA.

Depois de passar por vários subempregos no Canadá e entrar numa universidade de lá, conseguiu transferência para a Universidade da Pensilvânia/EUA, finalmente conseguindo acesso ao país que ele tanto queria ir.

Nos EUA, ganhou alguns milhares de dólares fundando empresas de tecnologia que nunca ouvimos falar (Zip2 e X.com). Com a grana que fez nessas empresas, tornou-se cofundador do PayPal, e se tornou multimilionário quando o PayPal foi vendido para o ebay.
O PayPal você conhece
Em vez de se conformar em ter centenas de milhões de dólares no bolso, nosso amigo sul-africano não parou quieto.

Ele criou a SpaceX, empresa de transporte espacial, e a Tesla, empresa de carros elétricos.

Ambas as empresas foram alvo de chacota por anos,  SpaceX por ser voltada ao transporte espacial e não conseguir mandar nada pro espaço, e a Tesla por ser montadora de carro elétrico que simplesmente não conseguia montar um carro elétrico.

A crise de credibilidade foi tão grande que, em certo momento, só o Elon Musk investia nas duas empresas, consumindo seu patrimônio pessoal e se colocando num risco real e palpável de passar de multimilionário para devedor em absoluto estado de insolvência.

SpaceX e Tesla trouxeram anos de puro desgosto
Felizmente deu tudo certo no final (para mais detalhes vá ler a biografia dele), e hoje a SpaceX é uma das empresas de transporte espacial mais respeitadas do mundo. Só para vocês terem uma ideia, ela consegue levar carga pro espaço, inclusive acoplar na ISS se necessário, por 1/3 do preço cobrado pela concorrência.

Mais do que isso, a SpaceX é uma das poucas empresas que detém a tecnologia necessária para lançar um foguete e trazê-lo de volta fazendo-o pousar da mesma forma e no mesmo lugar que decolou. Pelas barbas do profeta, vejam esse vídeo e me digam se isso não é impressionante:


Em janeiro/2016, uma aterrissagem dessas não deu certo pois uma das quatro pernas congelou e não abriu:


Mas enfim, o post é sobre carros elétricos, então vamos deixar a SpaceX de lado para falar sobre a Tesla.

Depois de passar anos prometendo muito e entregando nada, a Tesla finalmente desencantou e se tornou uma das montadoras mais relevantes no mercado de carros de luxo dos EUA.

O carro chefe da empresa é o Tesla Model S, esse aqui:

Tesla Model S
Tesla Model S - interior do veículo
A bateria da versão mais barata do Model S aguenta 390km, e a da versão mais cara aguenta 426km. Para carregar o carro de 0 a 100% demora aproximadamente 20 minutos. 

Não existe nada, absolutamente nada, que torne esse carro inferior aos demais existentes no mercado, muito pelo contrário, ele é o mais bem avaliado de sua categoria (luxury large cars) e também o campeão de vendas no ano de 2015:


O plano do Elon Musk, no entanto, não é ser fabricante de carro de luxo, e sim extinguir a indústria automobilística baseada em motor de combustão interna.

Isso exige carros elétricos a preços mais acessíveis, e o Model S está longe de poder ser considerado acessível, vez que tem um preço superior a US$ 100 mil.

Visando popularizar os carros elétricos, a Tesla fará em 31/03/2016 o anúncio ofícial do Model 3, com um preço de entrada de US$ 35.000,00.

Model 3, a ser lançado oficialmente em 31/03/2016
Se nunca mais gastar dinheiro com gasolina e troca de óleo não lhe parece bom o suficiente, a Tesla lhe oferece mais um atrativo: não gastar um centavo com energia elétrica.

Isso mesmo, meus confrades, cada um dos pontos vermelhos abaixo são postos de abastecimento da Tesla onde você pode carregar seu carro de graça (de graça mesmo, tudo que você tem que fazer é ter um Tesla):

Clique para ampliar. O objetivo de longo prazo é que todos esses postos sejam abastecidos por energia solar. Não por uma coincidência do destino, o Elon Musk também tem uma empresa cujo objetivo é vender/alugar painéis solares a preço popular.
Repare num detalhe sórdido: graças à rede de postos de abastecimentos acima, é possível dirigir pelos EUA da costa leste a oeste de graça, sem gastar um centavo de combustível. E não, não se trata de uma promoção, os postos são permanentes, e a utilização gratuita dos mesmos também é.

Um dos pontinhos vermelhos do mapa acima. Gasolina é o caralho, o futuro é carregar o carro igual se carrega um smartphone.
Ainda focado na popularização dos carros elétricos, em 2014 a Tesla liberou suas patentes, convidando quem quer que seja a copiar sua tecnologia para concorrer com ela.

Pode parecer uma decisão negocial meio doida, mas na verdade faz sentido: se a Tesla mantiver só pra ela todo o know-how de produção de carros elétricos de excelência, a indústria automobilística seguirá sendo majoritariamente baseada em combustível fóssil, e carros elétricos serão sempre apenas um "nicho".

Reparem que tudo isso que escrevi, apesar de ser muito atraente, até agora só é uma realidade para norte-americanos com disponibilidade para pagar mais de USD 100k num carro.

Model X com a falcon wing door. Para ver a maravilha que é essa porta, clique aqui
No entanto, a Tesla está claramente capinando o terreno para um mundo de carros elétricos, uma realidade que estará mais próxima (do norte-américano, pelo menos) com o lançamento do já mencionado Model 3 ao preço de US$ 35 mil.

Obra faraônica: a Tesla está construindo uma fábrica gigante de baterias no Texas, para aumentar sua produção de carros
Quem acompanha o blog sabe que não tenho carro e não pretendo ter tão cedo. Aliás, esse é um assunto que sempre me deixa entediado nas rodas de conversa.

Mesmo assim, desde que comecei a pesquisar sobre esse assunto, tenho pensado bastante em carros elétricos.

Acredito que o Elon Musk está discretamente arquitetando uma revolução no setor automobilístico, com um produto que ao menos nos EUA será tão atrativo, mas tão atrativo, que não fará sentido algum alguém desejar um carro movido a combustível fóssil, a não ser que a pessoa seja o tipo de saudosista que prefere uma máquina de escrever em vez de um notebook.

Em termos de tecnologia, chegaremos em breve num ponto em que não há nada que justifique uma indústria automobilística baseada em combustível fóssil.

No livre mercado acredito que o carro elétrico naturalmente mataria o antiquado carro de motor de combustão interna, mas o fato é que o centro dessa transição é os EUA, país cujo governo mantém uma relação promíscua com petrolíferas e montadoras de veículos, então as coisas não serão tão simples assim.

Aos interessados em conhecer melhor o Elon Musk, SpaceX e Tesla, a biografia ao qual me referi no meio deste post é essa:


Aquele abraço!

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Desempenho janeiro/2016

A partir de hoje começo a usar a planilha do AdP. Peço aos colegas que me corrijam se eu fizer alguma besteira na utilização da planilha.


Despesas extraordinárias:

O aporte foi comprometido negativamente por dois fatores: paguei à vista a anuidade do conselho de classe, o que me custou R$ 625, e amortizei em R$ 1 mil o meu saldo devedor mencionado nesse post (faltam R$ 6 mil para quitá-lo).

Alocação do patrimônio:

Faz uns meses que parei de divulgar a alocação do meu patrimônio (sem um motivo específico, foi preguiça mesmo). Retomarei a divulgação no post do mês que vem.

Resumindo janeiro:

Mês calmo e sem grandes surpresas na vida profissional.

Na vida pessoal, resolvi colocar em prática minha meta de deixar de ser sedentário, tirei as teias de aranha de cima da bicicleta e voltei a pedalar. 

Pedalei em 20 dos 31 dias de janeiro, totalizando 234km (média: 11,7km/dia pedalado).

Não faço ideia se isso é um desempenho bom ou ruim, mas para quem não estava fazendo exercício algum, acredito que é um progresso relevante. 

Pedalei mais do que a distância entre o Rio e Campos dos Bostacazes em linha reta
Um ponto negativo em pedalar tem sido a sujeição excessiva às condições meteorológicas. Basta chover para arruinar o planejamento, e um vento muito forte batendo contra minha direção cansa pra cacete e me dá vontade de vender a bicicleta e gastar todo o dinheiro em churros e aportar o dinheiro.

Outro ponto negativo tem sido a quantidade monstruosa de retardados mentais na ciclovia.

É pedestre cruzando sem olhar pros lados e quase sendo atropelado por ciclista; é a menina te atrasando pois ela está pedalando na sua frente a 1km/h enquanto tira um selfie; é o corredor que simplesmente resolve que ele é foda demais para correr no calçadão e decide que a ciclovia é a pista de corrida particular dele; é a criança se jogando na ciclovia enquanto a mãe desesperada grita "Sai daí, Maycon!"; é o casal pedalando lado a lado e ocupando as duas faixas impedindo ultrapassagens; é o cara que por algum motivo achou que seria apropriado andar de honda bis na ciclovia; é o cara pedalando na contra-mão enquanto canta "Feliz aniversário meu amor" do Ronaldo e os Barcellos, enfim, é tudo que tem de ruim na sociedade reunido num só lugar e conspirando para atrapalhar meu ritmo.

Apesar dos pesares, sigo inspirado pela Dilma e manterei o ritmo das pedaladas, embora o carnaval esteja chegando aí para complicar um pouco meu projeto de vida saudável.

Expectativas para fevereiro:

Estou bastante desanimado com o carnaval. Nem quando eu era solteiro eu tinha afeição por muvuca, sol, gente estranha roçando uma na outra, cheiro de mijo e barulho excessivo, então imaginem agora que estou namorando.

O pior de tudo é que prometi pra minha namorada que faríamos alguma coisa no carnaval, e ela acabou por planejar uma viagem para o segundo pior destino possível para alguém que não curte essa festa: Rio de Janeiro (o primeiro é Salvador).

Morei no Rio por 17 anos, até gosto da cidade, mas definitivamente não tenho ânimo para passar vários dias seguidos em blocos de rua.

Para agravar a situação, o pai da minha namorada é compositor, velha guarda e ex-presidente de uma escola de samba tradicional do Rio, enfim, é um cara com um trânsito enorme no carnaval "oficial", e provavelmente vai nos arranjar entrada para todo tipo de evento que rolar.

Não consigo conter a empolgação
Em vez de fazer cara de cu dias a fio, tentarei levar a situação na esportiva na expectativa de que os dias passem mais rápido.

Outra novidade em fevereiro é que um processo judicial movido pela minha empresa está em estado bastante avançado e pode ser que finalmente chegue a um final feliz.

Já teve sentença condenando a parte contrária, todos os recursos já foram julgados, uma máquina que faz blocos de concreto e pavers foi penhorada e o primeiro leilão será no meio de fevereiro (ninguém se importa com o primeiro leilão), enquanto o segundo será no final do mês.

Agora é ficar no torcida pra alguém arrematar o trambolho.

Você que sempre quis ter uma indústria de pré-moldados, entre em contato comigo para comprar esse troço

Sem mais para o momento, despeço-me desejando a todos um excelente mês!
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