sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Crônicas da matrix financeira: Vanessa, a assessora

Convivo com bastante gente que tem entre 25 e 30 anos, e essa é uma faixa etária bem propícia para observar como a corrida dos ratos/matrix financeira se desenvolve e domina a vida das pessoas.

O caso que contarei hoje envolve pessoa de meu convívio que se jogou sem o menor pudor na matrix financeira, desfrutando de todos os prazeres de curto prazo que a gastança descomedida tem a oferecer. 

Sem mais delongas, vamos ao primeiro post da série "Crônicas da matrix financeira":

Vanessa, a assessora

Vanessa se formou em direito e se deparou com um mercado de trabalho saturadíssimo, com milhares de advogados dispostos a aceitar qualquer esmola para conseguir um cliente.

Concurso público também não era uma opção imediata para Vanessa, afinal, há milhares de bacharéis em direito se digladiando por vagas em todo e qualquer concurso que aparece pela frente.

Quantidade de pessoas que se formam em direito no Brasil todos os dias
Depois de dois anos trabalhando em um escritório de advocacia que lhe pagava míseros R$ 1.600/mês, Vanessa tirou uma bela carta da manga: foi até o Tribunal, se encontrou com o Desembargador para o qual ela estagiou durante os tempos de faculdade e implorou por um cargo comissionado.

E não é que deu certo? Alguns dias após o fatídico encontro com o Desembargador, Vanessa já ostentava em seu perfil do Facebook a sua função de "Assessora Jurídica de Nível Superior", um cargo comissionado no Tribunal que, segundo fiquei sabendo, paga algo entre R$ 7 e R$ 8 mil.

Deslumbrada com seu novo poder aquisitivo, Vanessa decidiu que precisava de vestes mais condignas com sua nova função, razão pela qual se encheu de camisas da Les Chemises, Dudalina, Lacoste, maquiagem cara e sabe-se lá mais o quê. 

Decidiu também que uma Assessora Jurídica de Nível Superior não deveria ficar andando por aí de ônibus, e por isso fez um financiamento e adquiriu um Onix 0km completo, com todos os tipos de acessórios e firulas imagináveis e inimagináveis.

Agora sim. 
Com uma remuneração digna de respeito, Vanessa decidiu dar mais um passo rumo à independência pessoal e, aos 26 anos, saiu da casa dos pais e alugou um apartamento de dois quartos num bairro boêmio aqui da cidade, fazendo uma obra aqui e outra ali para deixar o apê "com a sua cara".

Além de ostentar o cargo de "Assessora Jurídica de Nível Superior", seu perfil do Facebook passou a ser preenchido com selfies tiradas dentro de seu novo carro, selfies na frente do espelho mostrando o "look do dia", selfies em Búzios no feriadão, em Arraial no fim de semana ma-ra-vi-lho-so com as amigas, foto de pratos elegantes com cortes de carnes argentinas, e por aí vai.

Ela se esforçava para mostrar ao mundo que se deu bem na vida, e o mundo respondia com curtidas, seguidas e comentários genéricos.

"Look do dia" (foto aleatória tirada do Google Imagens)
No meio de 2016, Vanessa, a prima dela (que por acaso é minha namorada) e eu estávamos em um bar, quando a jovem Assessora soltou a trágica notícia: seu chefe, o Desembargador, tirou licença para tratar de um câncer

Felizmente o câncer foi descoberto em estágio inicial, e mais felizmente ainda o magistrado estava combatendo a doença em um renomado hospital paulista, então não havia motivo para entrar em pânico, disse Vanessa.

Eu respondi que realmente não era motivo para pânico, mas que ela poderia começar a guardar dinheiro, pois nunca se sabe o dia de amanhã, ainda mais em se tratando de câncer, e uma eventual morte do Desembargador significaria que ela seria exonerada de seu amado cargo de Assessora.

Vanessa ficou claramente ofendida quando mencionei a possibilidade de perder o emprego, e começou a listar seus atributos profissionais que lhe tornam insubstituível na estrutura do Tribunal.

Na visão distorcida de uma menina que realmente acha que seu trabalho é o mais importante do universo, o Poder Judiciário implodiria e mergulharia em caos caso ela fosse exonerada.

Como reajo toda vez que alguém se diz insubstituível
Alguns meses depois disso o Desembargador faleceu, sendo substituído por um outro magistrado recém-promovido. O novo Desembargador mandou exonerar a grande maioria dos assessores que integravam o gabinete do falecido, e dentre os demitidos se encontrava Vanessa.

Vanessa foi para o olho da rua sem fazer jus a direitos trabalhistas como seguro-desemprego ou FGTS + multa, pois seu cargo é de livre nomeação e exoneração, sem qualquer vínculo de emprego.

Como tentativa de garantir um ganha pão, Vanessa distribuiu seu currículo para todos os Desembargadores do Tribunal, para o Ministério Público e para a Assembleia Legislativa, uma estratégia que posteriormente se revelou inútil, pois ninguém mais lhe procurou.

Como a fonte de renda secou e não havia perspectiva de melhora, Vanessa teve que desocupar o apartamento que alugava, pagando multa pela desocupação antecipada e voltando a morar com os pais.

Além disso, não tinha mais bufunfa para honrar com o financiamento do carro, e por isso seu pai assumiu tal despesa.

O bom e velho "pai"trocínio
Para não ficar feio perante a sociedade, Vanessa diz que, após a morte do Desembargador, recebeu outras ofertas de trabalho, mas resolveu recusá-las para se dedicar aos concursos públicos. É mentira.

Hoje nossa ex-assessora se diz concurseira, depende 100% dos pais, vive reclamando para a minha namorada que não tem dinheiro para nada e diz que pretende fazer mestrado na Europa, muito embora todo mundo na família saiba que ela não tem a menor condição financeira de estudar no exterior.

Alguns dias atrás minha namorada trouxe Vanessa para visitar meu recém-adquirido apartamento, e a ex-assessora soltou um "nossa, que apê pequeno, não sei se conseguiria morar aqui não".

Essa crítica entrou por um ouvido e saiu pelo outro, pois pequena é a mente da pessoa que passa 13 meses ganhando R$ 7 mil por mês e não consegue construir absolutamente nada de positivo, muito pelo contrário, tem que recorrer ao pai para pagar o saldo devedor remanescente do financiamento do passivo ambulante.

Que essa história sirva de motivação para que entremos em 2017 ainda mais focados na nossa busca pela independência financeira.

Acredito que este será o último post do ano, então desejo a todos feliz natal e próspero ano novo!

Aquele abraço!

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Cumpri minhas metas para 2016?

Olá homens, mulheres e crianças, tudo nos conformes?

Há alguns dias atrás o blog alcançou a marca de 200 mil visualizações, algo que eu estimava que fosse acontecer somente em fevereiro do ano que vem.

São cerca de 20.000 views/mês, uma marca que nunca imaginei que alcançaria quando iniciei o blog, então agradeço a todos pela audiência, e por continuarem frequentando este recinto mesmo quando eu passo dias sem postar nada de novo.

Dito isso, vamos ao assunto do dia:

No fim de 2015 me impus uma série de metas para o ano de 2016 - algumas financeiras, outras de desenvolvimento pessoal -, e no post de hoje vocês saberão se cumpri o prometido ou não.

Todo mundo empolgado para saber se Seu Madruga cumpriu suas metas

Meta 1 - Alcançar R$ 100.000,00

Resumo da meta: título autoexplicativo.

Resultado: meta alcançada (com ressalva). 👍

Comentários: A marca de 100 mil temers foi alcançada em setembro de 2016. No entanto, como vocês já sabem, posteriormente adquiri um imóvel e meu dinheiro acumulado voltou para um patamar inferior a R$ 10k. Por isso digo que a meta foi alcançada com ressalvas, já que apesar de ter chegado lá, não disponho mais da bufunfa.

Seu Madruga tem casa própria

Meta 2 - Registrar imóvel em nome da minha mãe

Resumo da meta: Minha santa mamãezinha tem um apartamento na cidade onde ela vive e nunca se prontificou a registrá-lo em seu nome junto ao Cartório de Registro-Geral de Imóveis. A meta consistia em, com meu próprio dinheiro, registrar o imóvel em nome dela, já que a situação financeira dela era precária e ela não tinha mais a menor condição de fazer isso por conta própria.

Resultado: meta alcançada. 👍

Comentários: Em meados de 2016 o marido gringo da minha mãe morreu e ela passou a receber uma pensão mensal que aliviou bastante a situação financeira dela. Graças a isso, pude registrar o imóvel em nome dela com o dinheiro advindo da morte do gringo, ou seja, não precisei desembolsar um centavo do meu próprio patrimônio. Aliás, estou devendo para vocês uma atualização do post "O gringo e uma possível herança milionária".


Meta 3 - Ir pra Europa

Resumo da meta: Processei uma empresa aérea e ganhei passagens aéreas de ida e volta para a Europa, para mim e para acompanhante. A meta consistia em usar as tais passagens fazendo uma viagem pelo velho mundo.

Resultado: meta não alcançada. 👎

Comentários: As passagens foram emitidas e a viagem inevitavelmente ocorrerá no meio de 2017. Posterguei o máximo possível a emissão dessas passagens e isso pareceu ter sido uma decisão acertada, pois o Euro caiu substancialmente desde então. Como marquei a viagem para 2017, e não 2016, dou a meta por não cumprida. 

O Euro em tempos de Brexit e invasão de refugiados

Meta 4 - Quitar o saldo devedor de R$ 15.000,00

Resumo da meta: O capital social da minha empresa é de R$ 100 mil. A mim cumpria integralizar 1/4 desse valor, ou seja, R$ 25 mil. Eu só integralizei R$ 10 mil e vinha empurrando com a barriga os R$ 15 mil que faltavam. A meta consistia em integralizar os R$ 15 mil faltantes e me livrar logo dessa obrigação. A situação foi explicada com mais detalhes neste post.

Resultado: meta alcançada. 👍

Comentários: ao longo de 2016 reduzi meus aportes e fui quitando pouco a pouco esse saldo-devedor de R$ 15k. Quitei por completo alguns meses atrás (em outubro, setembro, sei lá) e agora não devo mais nada para ninguém.

Seu Madruga não deve mais nada a ninguém e está livre para voar
Meta 5 - Exercícios físicos 

Resumo da meta: praticar exercícios físicos (bicicleta ou academia) pelo menos 16x por mês.

Resultado: meta não alcançada. 👎

Comentários: meus amigos, não cheguei nem perto de cumprir essa meta, rs. Não tenho desculpas para dar, eu simplesmente não cumpri a meta. Eu não sou uma pessoa 100% sedentária pois faço literalmente tudo a pé, e não me incomodo em percorrer grandes distâncias, mas ainda assim a meta não foi cumprida, pois não entrei na academia e a minha bicicleta foi utilizada bem esporadicamente.

Foto que define meu vigor para exercícios físicos em 2016
Meta 6 - Cortar venenos

Resumo da meta: não tomar refrigerantes e qualquer suco industrializado.

Resultado: meta alcançada. 👍

Comentários: Estou há 2 anos sem tomar refrigerante, e em 2016 resolvi abolir também os sucos industrializados, já que eles também igualmente nocivos à saúde. Consegui cumprir essa meta com facilidade, evitando até mesmo os sucos que se dizem 100% orgânicos, e pretendo levar essa meta pro resto da vida, como parte do meu projeto de viver para sempre ou morrer tentando.

Pseudo-saudável para enganar bobos

Meta 7 - Ler 12 livros

Resumo da meta: ler doze livros, rs.

Resultado: meta alcançada. 👍

Comentários: Perdi a conta de quantos livros li esse ano, mas tenho absoluta certeza que foram mais de 20. Eu sinceramente nem sei porque coloquei "ler 12 livros" como meta, pois é algo que eu sabia que iria conseguir cumprir com facilidade, então não havia nada de desafiador nisso.

Meta 8 - Mestrado

Resumo da meta: entrar no mestrado da mesma universidade em que fiz graduação.

Resultado: meta não alcançada. 👎

Comentários: Depois de bastante reflexão, optei por abortar essa meta. Um título de mestre embelezaria meu currículo, mas exigiria que eu passasse no mínimo um ano e meio esmiuçando algum assunto bem específico da minha área de educação, algo que não contribuiria muito em termos profissionais. Percebi que, em vez de usar meu tempo livre me dedicando a um mestrado, eu teria muito mais a ganhar se usasse esse tempo para fazer parte de alguma associação, a fim de conhecer mais pessoas e captar clientes para minha empresa. Em outras palavras, para mim será mais proveitoso botar a cara no mundo e conhecer pessoas por meio do associativismo do que me afundar em livros em busca de um grau acadêmico.

Bom, por hoje é só. Estou satisfeito por ter cumprido metas importantes, a única decepção que sinto é em relação aos exercícios físicos, que infelizmente terei que postergar para o ano que vem (é o famoso "na segunda-feira que vem eu começo...").

E vocês, confrades, cumpriram suas metas? Sei que muitos blogueiros estipularam metas para 2016 e gostaria de ver o resultado.

Para quem começou a blogar agora, fica a sugestão para que façam um post de metas, prestando contas no final do ano que vem.

Aquele abraço! 

sábado, 3 de dezembro de 2016

Desempenho novembro/2016 (+92,88%)

Quem acompanha este humilde blog sabe bem o quanto eu constantemente reclamava da lerdeza do computador que tenho em casa. 

O bicho era tão lerdo, mas tão lerdo, que eu não tinha mais motivação/paciência para ligá-lo durante o meu tempo livre e atualizar o blog.
Nível de lerdeza: você digita uma palavra e ela só aparece 4 segundos depois
Em meados de novembro, fui cumprir minha rotina semanal de tirar o lixo de dentro do meu apartamento e colocar no latão de lixo que tem no primeiro andar do prédio. 

Eis que, no latão de lixo do prédio, avistei um Sony Vaio branco com cara de novo. Abri a tampa do notebook e vi o adesivo "Intel Core i5™", e naquele momento percebi que o lixo alheio poderia ser a solução para os meus problemas.

Seu Madruga fuçando o lixo alheio.
Fazendo a autópsia no Sony Vaio, tirei de dentro dele o processador, o HD de 1TB, e duas placas de memória RAM de 3GB cada.

O processador e o HD não funcionaram nem pelo caralho, mas inseri os 6GB de RAM do Sony Vaio no meu notebook e funcionou perfeitamente. 

Graças a esse upgrade, meu notebook passou de 3gb para 6gb de RAM, e isso sozinho resolveu a lerdeza que tanto me atormentava. 

Seu Madruga depois do upgrade
Agora que meu notebook não é mais um problema, pretendo retomar o plano iniciado em outubro de fazer 4 postagens por mês.

Dito isso, vamos ao desempenho de novembro: 

Patrimônio total: R$ 16.642,01.
Aporte do mês: R$ 7.950,00. 
Variação em relação ao mês anterior: 0,38%.

Minha planilha do AdP ficou completamente avacalhada depois que eu comprei o imóvel e até agora não consegui entender o motivo. Assim sendo, recomeçarei a usá-la do zero somente a partir de janeiro/2017.

Como vocês podem ver, Nossa Senhora do Aporte abençoou meu mês de novembro. 

Mesmo tendo despesas com o empreiteiro tartaruga, compra de uns móveis para equipar o recém-comprado apartamento e com uma viagem que estou planejando para o fim do ano, ainda assim consegui aportar aproximadamente R$ 8k, algo que infelizmente não é muito comum em minha vida.

Isso se deu pois fechamos um belo contrato lá na empresa, que rendeu bons lucros em novembro e renderá em dezembro também.

Esse é o começo da recuperação do meu ativo financeiro após a compra do apartamento.  

Escrevi na pressa pois vi que o Viver de Construção já está querendo publicar o ranking dele.

Espero conseguir cumprir a promessa de fazer quatro posts em dezembro. Caso eu não consiga, ainda assim a blogosfera está bem representada pelo Corey e Doutor Honorários, que para a alegria geral da nação estão postando com bastante frequência, e pelo Viver de Construção, que ou largou o emprego pra virar blogueiro profissional, ou escravizou chineses no porão da casa dele e força a chinezada a postar diariamente.

Chineses vivendo em condição análoga à escravidão no porão do blogueiro Viver de Construção
Aquele abraço e bom dezembro a todos!

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

A revolta do empreiteiro tartaruga

No post passado contei para vocês que contratei um empreiteiro para fazer umas reformas no meu recém-adquirido apartamento.

O empreiteiro disse, com aquela convicção de quem tem tudo sob controle, que terminaria a obra que eu solicitei até o dia 28/10.

Já que ele estava tão seguro assim que concluiria a obra até tal data, perguntei se eu poderia inserir no contrato uma cláusula dispondo que a remuneração dele seria deduzida em R$ 50,00 por dia útil de atraso.

O empreiteiro não se opôs a tal cláusula, muito pelo contrário, reforçou que terminaria a obra "até o dia 28/10 com folga, talvez antes". 

Contrato assinado com o empreiteiro.
Todos os dias após sair do trabalho, passei a visitar diariamente o meu recém-adquirido apartamento para acompanhar o progresso da obra.

De imediato fiquei com a sensação de que a reforma progredia a passos lentos, mas optei por ficar calado quanto a isso, primeiro porque não entendo nada de obras, segundo porque eu não poderia exigir rapidez/agilidade do empreiteiro se ele ainda estava dentro do prazo estipulado em contrato.

O dia 28/10 foi se aproximando e uma certeza foi se tornando cada vez mais clara em minha mente: esse filho da puta nobre cavalheiro não iria concluir a obra no prazo contratado.

Dito e feito: o fatídico dia 28/10 chegou e, diante dos meus olhos eu via uma obra que não me parecia nem 50% concluída.

Meu olhar de reprovação ao encontrar o empreiteiro no dia 28/10
O empreiteiro pediu desculpa pelo atraso, disse que teve um problema com a lixadeira e teve que lixar tudo manualmente, que teve um problema com serradeira e por isso ainda não pôde instalar o piso laminado, teve problema com a filha que adoeceu e teve que ser hospitalizada e por aí vai.

Expliquei ao empreiteiro que esse atraso me colocava em uma situação bastante delicada, pois meu contrato de locação estava prestes a vencer, e se ele não concluísse a obra logo eu só teria duas opções: (1) levar todos os meus pertences para debaixo da ponte e viver lá até o cara terminar a reforma ou (2) levar todos os meus pertences para o meu apartamento e ficar lá, no meio da obra.

Seu Madruga cogitando viver embaixo da ponte pois o empreiteiro não concluiu a obra.
Meu drama pessoal pareceu não comover o empreiteiro, que continuou progredindo na velocidade de um caracol embriagado, e acabei tendo que realizar a mudança para o meu apartamento no meio da obra mesmo.

Deixei todos os meus eletrodomésticos desligados e cobertos por lençóis para proteger da excessiva poeira, e mantive todas as minhas roupas encaixotadas pelo mesmo motivo. 

Passei a viver num canteiro de obras empoeirado e com cheiro forte de tinta, sem poder fazer coisas básicas como preparar uma comida ou lavar roupas, pois estava tudo desligado e coberto por panos.

A frustração de comprar seu primeiro imóvel e ter que mudar pra dentro dele nessas condições (imagem meramente ilustrativa retirada do Google Imagens).
Foi uma situação bastante desagradável, mas que resolvi tolerar pois o cara fazia um trabalho caprichado, e como muito bem disse um comentarista no post passado, é melhor um empreiteiro lerdo caprichado do que um rápido que só faz merda.

O fato é que o empreiteiro, que certo dia disse com toda a certeza do mundo que terminaria a obra em 28/10, só concluiu o serviço hoje, em 16/11.

Mas enfim, com a obra finalmente concluída, era hora de acertar as contas com o empreiteiro tartaruga, deduzindo a remuneração dele em R$ 50,00 por dia útil de atraso.

Fiz ele assinar um termo em que informa que concluiu a obra e me entregou as chaves em 16/11, e tirei meu celular do bolso para calcular o valor que seria deduzido.

Tirando fins de semana, finados e proclamação da república, foram 11 dias úteis de atraso, ou seja, haveria uma dedução de R$ 550,00 na remuneração do infeliz.

Informei pra ele que eu deduziria R$ 550,00 conforme previsão contratual, momento em que ele olhou pra mim mais ou menos com essa cara:

A incredulidade do empreiteiro tartaruga
"Calma aí. Calma aí. É sério que você vai fazer isso comigo? Eu trabalhei, bicho, eu deixei de pegar outros serviços pra concluir o teu", disse o empreiteiro tartaruga, visivelmente alterado.

Limitei-me a dizer que essa dedução estava prevista no contrato como forma de amenizar eventuais transtornos em caso de atraso, e que os transtornos não foram poucos.

"Eu não tô acreditando nisso, bicho, eu não tô acreditando que eu vou ter que procurar um advogado pra dar uma olhada nesse contrato pra mim, porque isso não é justo", ameaçou a tartaruga, mais alterada do que antes.

Respondi que se está no contrato então é justo, a não ser que alguém tenha apontado uma arma na cabeça dele obrigando-o a assinar, e que procurando um advogado ele só iria perder mais dinheiro. 

Enquanto o empreiteiro tartaruga reclamava, transferi pelo celular a remuneração com as deduções para a conta que ele informou no contrato, enviei o comprovante de transferência para o WhatsApp dele, agradeci pelo serviço e falei que ele poderia ir embora.

"Eu vou, bicho, eu vou, mas olha só, eu nunca mais faço serviço pra você, você vacilou comigo", disse a tartaruga antes de recolher algumas ferramentas e se retirar do meu cafofo. 

Tartaruga humana indo embora para nunca mais voltar
Foram quase 20 dias (não úteis) de atraso e durante todo esse período tratei o empreiteiro com paciência e respeito. Acho que ele erroneamente interpretou essa minha tolerância como um indicativo de que eu iria abrir mão da penalidade por dia útil de atraso.

Não sei se o cara será burro ao ponto de procurar um advogado para brigar por quinhentos temers, nem se ele tem consciência de que com certeza ele perderia essa briga.

Então é isso, confrades, esse é mais um post para reforçar a importância dos contratos, que serve para trazer previsibilidade na relação entre os contratantes.

Muitas vezes a gente fica tentado a abrir mão de contrato quando o prestador de serviço nos transmite muita confiança, ou quando a gente acha que o serviço é coisa simples demais para se preocupar em botar no papel. A dica é: contrato sempre! O contrato é seu amigo!

Aquele abraço!

Dica final: Coloque sempre duas testemunhas para assinar o contrato. Isso vai facilitar bastante a sua vida caso você precise entrar na justiça depois.

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Desempenho outubro/2016 (-91,45%)

Olá, confrades! Desculpem pelo atraso no post de desempenho.

Em outubro consegui cumprir minha promessa de fazer um post por semana, mas novembro está sendo um mês tão horroroso que dificilmente conseguirei repetir tal façanha.

Contratei um empreiteiro para fazer algumas reformas no meu recém-adquirido apartamento.

O cara disse que conseguiria terminar as obras em 28/10, talvez até antes disso.
Estamos em 08/11 e o filho da puta empreiteiro ainda não terminou a reforma!

Ele faz um trabalho caprichado, porém é extremamente lerdo, e a consequência disso é que eu estou literalmente morando num canteiro de obras.

Todos os meus pertences estão em malas, os eletrodomésticos desligados e cobertos com lençóis para não pegar a poeira da obra, enfim, é uma situação bastante desagradável.

Imagem meramente ilustrativa tirada do Google Imagens, mas que representa bem o local que estou morando atualmente.
A vontade é de jogar o empreiteiro janela abaixo por conta dos prazos não cumpridos, não aguento mais olhar pra cara dele, mas tenho sido extremamente tolerante com ele por três motivos:

1) O cara faz um trabalho bem caprichado, apesar de ser lerdo.
2) Acho contraprodutivo dispensá-lo e contratar outra pessoa que aceite tocar uma obra que já está em andamento.
3) O contrato que fiz com ele prevê um abatimento de R$ 50 por dia útil de atraso após o dia 28/10, ou seja, a lerdeza dele já me gerou um desconto de R$ 250,00.

Apesar dos pesares, devo dizer que a obra já está 80% concluída, então imagino que a tartaruga humana o empreiteiro termine o trabalho ainda essa semana.

Empreiteiro tartaruga. Vai na loja de material de construção comprar fita isolante e só volta 5 horas depois. Será que ele leu o contrato e sabe que está perdendo R$ 50,00 por dia útil de atraso?
Como se morar num apartamento em obra não fosse ruim o suficiente, tem também o fato de que estou sem internet, pois a provedora está enrolando para ir no meu apartamento instalar o cabeamento necessário para me conectar.

Para agravar a situação, meu notebook é de 2008 e não dá mais conta do recado. Toda vez que ligo o notebook, ele olha pra mim e diz "Seu Madruga, me mata, por favor, eu não aguento mais".

20 minutos para iniciar o Windows
Só me restam, então, duas alternativas: a primeira é escrever os posts na minha empresa, mas eu não simpatizo muito com essa ideia de misturar um passatempo com meu trabalho; e a segunda é rotear o 3G do celular para acessar internet pelo notebook, que é o que estou fazendo agora.

Existe também uma terceira alternativa: meu notebook consegue localizar uma rede de wifi sem senha chamada CIDMOREIRA666, mas o sinal é muito fraco, perco a conexão o tempo inteiro, um indício do que estou distante do roteador do Cid Moreira satanista, então o mais viável é postar pelo 3G mesmo.

Sem mais delongas, vamos ao desempenho financeiro em outubro:

Não deve ser novidade para ninguém o fato de que em outubro adquiri um imóvel, e como consequência disso a maior parte do meu dinheiro foi para as cucuias.

Terminei outubro com R$ 8.628,27. Houve uma retirada de R$ 93.750,00 para comprar o apartamento, e posteriormente um aporte de R$ 1.465,00.

O aporte foi fraco pois outubro foi um mês de gastos extraordinários: além da reforma já mencionada neste post, tive despesas com frete e pintor para desocupar o imóvel que eu alugava, além de aquisições aleatórias como adaptador de fogão, tampa de privada, varal, rede de proteção para varanda, cortina, olho mágico, um mini-curso que estou fazendo diariamente das 18:45 às 21:45,  quitei o saldo-devedor mencionado neste post, dentre outras coisas.

Madruga no mini-curso pensando na morte do empreiteiro
Em novembro também estou tendo gastos extraordinários, mas nada tão pesado quanto outubro. Acredito que em dezembro a situação estará estabilizada e deixarei o caminho livre para retomar o acúmulo patrimonial.

Aquele abraço!

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Incidente diplomático pós-compra do apartamento

No post da semana passada compartilhei com vocês a minha decisão de comprar um apartamento.

A repercussão vocês podem ler nos noventa e tantos comentários daquele post: alguns acharam uma boa ideia, outros não, enfim, tudo dentro do esperado considerando que na blogosfera a discussão sobre comprar ou alugar imóvel é intensa.

Um comentarista carinhoso me chamou de "brick lover": amante de tijolos
Ser proprietário de um imóvel é uma experiência nova em minha vida e pretendo compartilhar tudo que for relevante sobre esse assunto aqui no blog.

Compartilharei no maior estilo "a vida como ela é", ou seja, se eu sentir que a compra foi uma má ideia eu escreverei sobre isso por aqui, da mesma forma que escreverei também se eu confirmar que foi um bom negócio.

Independentemente de qualquer opinião sobre a minha aquisição, uma coisa é certa: se não fosse pela disciplina que venho mantendo nos últimos dois anos, eu não teria R$ 100k ou um apartamento.

Vendo que essa disciplina traz recompensas, sigo motivado para seguir minha caminhada rumo à independência financeira, tendo como próximo objetivo obter renda passiva o suficiente para cobrir minhas despesas mensais, que já não eram grandes e diminuíram ainda mais agora que não pagarei aluguel.

Recomeçando quase do zero com a mesma empolgação
Feita essa breve introdução, vamos para o assunto do dia, em que contarei para vocês como algumas pessoas que fazem parte da minha vida reagiram quando souberam que comprei um imóvel.

Pelo título do post de hoje, vocês já podem imaginar que rolou treta. Vamos lá:

Não vejo qualquer vantagem em sair gritando aos quatro ventos que comprei um apartamento, então limitei-me a contar a novidade somente para pessoas bem próximas: pai, mãe, namorada e pouquíssimos amigos.

Meu pai se restringiu a dizer que na minha idade ele já tinha "uma casa com quatro quartos, piscina, churrasqueira, dois carros, um rotweiller e dois filhos".
Minha reação quando percebi que ele citou primeiro o cachorro, depois os filhos.
Minha mãe, que não compartilha do mesmo senso de discrição que eu, contou para todos os parentes, amigos e colegas de trabalho dela que eu comprei um apartamento à vista.

Acontece que essa mistura de orgulho de mãe e ingenuidade logo gerou o primeiro incidente diplomático na família.

Um dos irmãos dela (vulgo meu tio) me adicionou no WhatsApp, mandou mensagem perguntando se estou bem, e logo em seguida pediu R$ 3 mil emprestados, prometendo devolver essa quantia até o fim do ano.

Minha reação quando percebi que minha mãe fez o desfavor de me transformar em "o endinheirado" da família, mesmo não sendo.
Eu disse ao tio que por ter comprado um apartamento eu estava descapitalizado e não tinha como ajudar, ele insistiu dizendo que precisava do dinheiro para contratar advogado e entrar com uma ação trabalhista, e que me pagaria assim que ganhasse a ação.

Reparem a súbita mudança do discurso: primeiro ele disse que me pagaria até o final do ano, e uns minutos depois disse que me pagaria assim que ele ganhasse um processo judicial que ainda nem foi ajuizado, se é que ele vai ganhar a ação.

Respondi que, independentemente do motivo, eu ainda assim não tinha esse dinheiro, embora eu quisesse muito poder ajudar (mentira), e que estou tão sem grana que estou cogitando ir num banco pedir empréstimo (outra mentirinha de leve para cortar a encheção de saco).

Ele visualizou minha resposta e não disse mais nada.

Contei para minha mãe sobre o ocorrido e mandei ela ficar de boca fechada sobre a compra do imóvel ou qualquer coisa relacionada à minha vida, mas agora é tarde demais e a próxima oportunidade em que eu encontrar esse tio folgado será bastante constrangedora.

Meu tio me encarando no próximo encontro de família
Felizmente moro longe dos meus parentes e não encontrarei esse tio tão cedo.

Esse acontecimento só serviu para reforçar o que todos nós exceto minha mãe já sabemos muito bem: discrição é sempre o melhor caminho. Dê o menor sinal de que você tem algum dinheiro e os urubus passam a te enxergar como a carniça da vez.
 
Aquele abraço!

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Adeus, cem mil reais!

No post de desempenho do mês de abril de 2016 comentei com vocês que minha empresa recebeu, a título de pagamento por um serviço prestado, um pequeno apartamento localizado em uma área bem interessante da cidade.

O apartamento é tipo esse daí, só que com uma cozinha maior e uma varanda.
Como não faz sentido algum a minha empresa ser proprietária de um imóvel residencial, optamos por vendê-lo o mais rápido possível e distribuir a grana da venda entre os sócios.

Para definir o preço da venda, fiz uma pesquisa na OLX, ZAP e sites de imobiliárias locais, e constatei que apartamentos naquele prédio são postos à venda por preços que variam entre R$ 120k e R$ 150k.

Com base nesses parâmetros, passei a anunciá-lo na OLX por R$ 125 mil. É um preço baixo considerando que o apartamento é em andar alto e sol da manhã, mas como eu disse o nosso objetivo era vendê-lo o mais rápido possível.

Desde que comecei a anunciar o apartamento da minha empresa, uma quantidade enorme de interessados entrou em contato comigo. Acho que, de maio até hoje, mostrei o imóvel para mais de 25 pessoas, e atendi mais de 60 ligações.

Essa grande quantidade de interessados só aumentou minha sensação de que R$ 125 mil era preço de banana.
Apesar de todo esse assédio, a maioria das ofertas que recebi eram inaceitáveis. 

Muita gente ofereceu carro como parte do pagamento, outros ofereceram pagamento parcelado, outros dois pediram que eu parasse de anunciar enquanto eles tentavam obter um financiamento perante o banco.

O assédio foi grande, mas a crise é grande também, e não apareceu ninguém com dinheiro o suficiente para comprar à vista o apartamento que parecia ser a pechincha do momento. 

O problema que eu estava enfrentando pode ser resumido da seguinte forma:



Foi aí que tomei uma decisão: eu mesmo vou comprar esse apartamento!

E essa não foi uma decisão tomada por impulso, acreditem.

Há mais de dois meses que venho pensando diariamente na possibilidade de comprar esse imóvel, e nesse período busquei ignorar todo e qualquer fator emocional para tomar uma decisão estritamente racional.

A conclusão a que cheguei foi pela compra, pelos seguintes fatores:

1) FATOR PREÇO

Por ser sócio da empresa eu já sou "dono" de 1/4 do apartamento. Isso significa que, para comprá-lo, só preciso pagar 3/4 do preço, ou seja, R$ 93.750,00.

Se comprar por R$ 125k já era um bom negócio, imaginem comprar por R$ 93k!

É um precinho camarada que cabe no meu bolso, além de ser uma oportunidade única de adquirir meu próprio imóvel em condições extremamente vantajosas e sem grandes preocupações com a índole do vendedor.

Meu primeiro imóvel por R$ 93 mil. Por essa eu não esperava.
Mas preço não é tudo, então outros fatores também foram objeto de bastante reflexão.

2) FATOR LOCALIZAÇÃO

O apartamento fica no mesmo bairro em que resido há 12 anos, a dois quarteirões de onde moro atualmente, então conheço a vizinhança de olhos fechados.

Além do mais, fica a 900m de distância da minha empresa, além de ser bem perto de supermercado, farmácia 24h, lojas de conveniência, padarias, academias, restaurantes, galerias comerciais, prédio onde meu pai mora, pontos de ônibus e de táxi, loja de conveniência 24h e um monte de outras coisas.

Isso significa que não haverá mudança drástica na minha rotina, e poderei continuar vivendo uma vida sem carro, o que muito me agrada.
Carro é o caralho, eu gosto é de andar. Menos quando tá chovendo. É uma merda andar na chuva.
3) FATOR SEGURANÇA

Minha namorada é engenheira civil e vistoriou o apartamento, estando o mesmo em boas condições estruturais, elétricas e hidráulicas.

Esteticamente o apartamento é bem feinho e isso demandará umas reformas, mas só de não precisar me preocupar com a estrutura eu já fico aliviado.

Além disso, pelo que pude averiguar, o condomínio está em dia com todas as obrigações trabalhistas e fiscais, o fundo de reserva está bem abastecido e a contabilidade está sob controle.

Enfim, pesquisei mais a fundo do que o típico comprador de imóvel, e assim o fiz para não ser pego de surpresa com alguma notícia desagradável, e aparentemente tudo está sob controle.

Esses dias vi uma notícia de um condomínio do Rio de Janeiro que deve R$ 2 milhões em virtude de um processo judicial. Muita gente não pesquisa a situação do condomínio antes de comprar um apartamento, mas o fato é que quando você compra um imóvel em um condomínio endividado, você tende a responder por essa dívida na proporção de sua fração ideal.

Pesquisei a fundo a situação do condomínio para ter noites de sono tranquilas
4) FATOR PAZ

Nos últimos meses visitei o imóvel nos mais variados horários, priorizando os momentos em que o trânsito está caótico, tudo isso para averiguar se o barulho do caos urbano entra no apartamento ou não.

Nesse quesito o apartamento é bastante silencioso, bem mais do que o local em que resido atualmente, o que me deixou bastante animado.

Resta saber se terei vizinhos barulhentos, mas isso só descobrirei depois que mudar pra lá.

Sei bem o que é ter um vizinho barulhento. Parece que minha vizinha atual promove um exorcismo na cozinha dela todas as manhãs. Torço para que isso não aconteça em meu novo recinto.
 5) FATOR INVESTIMENTO

Adquiri o cafofo por um preço bem abaixo do valor de mercado, o que deixa as portas abertas para vendê-lo com um lucro considerável, ainda mais se o país sair da recessão em que se encontra.
 
Além disso, é bom lembrar que não pagarei mais aluguel, e o dinheiro que antes ia para a locadora agora virará aporte.

Outro detalhe importante é que comprar esse imóvel diminuirá consideravelmente meu custo de vida mensal, e isso é algo que considero essencial para o acúmulo de patrimônio.

O sorriso de satisfação de quem não precisa mais pagar aluguel
CONCLUSÃO

Acima listei os principais fatores que me levaram a comprar o imóvel, mas sei bem que nem tudo são flores.

Por exemplo, o dinheiro que juntei se foi, cairei para último lugar ou serei excluído dos rankings de patrimônio que participo, e terei que recomeçar o acúmulo de dinheiro praticamente do zero, quando eu já tinha dinheiro o suficiente para render R$ 1.000/mês em aplicações conservadoras.

Esse recomeço pode parecer desanimador para alguns, mas devo dizer que estou bastante entusiasmado.

Entusiasmado pois encontrei-me diante de uma oportunidade única e, graças à disciplina financeira dos últimos anos eu tenho dinheiro para aproveitá-la, podendo me tornar proprietário de um imóvel quitado numa área bem legal da cidade, isso antes dos 30 anos de idade.

Sei que o debate sobre comprar ou alugar um imóvel é cheio de argumentos para os dois lados, mas no meu caso em específico comprei acreditando que essa aquisição contribuirá para a minha independência financeira.

Por hoje é só, confrades. 

Estarei bem ocupado nos próximos dias com reforma e mudança, mas tentarei cumprir minha promessa de fazer um post por semana, então segunda que vem voltarei com post novo.

Aquele abraço!

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Desventuras do Madruga com locadores gananciosos

O Seu Madruga, personagem de Chaves que inspirou o nome deste blog, vivia devendo 14 meses de aluguel e se envolvia em todo tipo de treta na vizinhança.

Pague o aluguel
Ao contrário dele, o Seu Madruga que escreve este blog cumpre à risca todas as obrigações previstas no contrato de locação e evita a todo custo criar confusão com moradores e empregados do prédio.

Detesto desonrar compromissos, nunca atrasei pagamento de aluguel/taxa condominial, e acho que a vida é muito curta para me envolver em picuínhas com o povo nervoso que habita a maioria dos prédios do nosso Brasil varonil.

Posso ter muitos defeitos, mas uma coisa garanto para vocês: eu sou o inquilino dos sonhos de qualquer proprietário de imóvel.

Com o Madruga blogueiro, contrato assinado é contrato cumprido!
Apesar de ter esse perfil, tenho tido o azar de fechar contratos de locação com proprietários que se revelam verdadeiros retardados mentais com o tempo.

É sobre esses retardados que eu vou escrever no post de hoje. 

São três histórias diferentes: a do Marcos, a da imobiliária e a da Vilma. 

Não se preocupem, contarei tudo da forma mais resumida possível para não prolongar demais o post.

MARCOS, O ESPERTO:

Durante cinco anos aluguei o apartamento do Marcos e mantive essa postura que já contei pra vocês: pagava tudo religiosamente em dia e não criava qualquer tipo de confusão.

Eis que, depois de meia década morando lá, Marcos me manda um e-mail dizendo:


Fui pego de surpresa. Em 30 dias teria que achar um novo lugar pra morar, assinar contrato, fazer a mudança, pintar o apartamento do Marcos e entregar as chaves.

Felizmente consegui alugar um apartamento no mesmo prédio, o que facilitou bastante as coisas, e com 15 dias consegui resolver tudo e entregar a chave ao Marcos.

E vejam só que curioso, poucos dias depois de eu devolver as chaves para o Marcos, o apartamento em que eu morei por cinco anos ostentava uma bela placa de "aluga-se" na janela. 

Minha reação ao ver a placa de "aluga-se"
Entrei no site da imobiliária e vi que Marcos colocou o apartamento para alugar por R$ 1.000/mês.

A história do "irmão que voltou pro Brasil" pelo visto era balela. Ele queria alugar o apartamento por R$ 200 a mais do que eu estava pagando, e achou menos constrangedor me botar pra fora e tentar alugar pra outro do que me propor um reajuste de 25%.

O mais legal de tudo é que, passados 1 ano e 11 meses desde que devolvi a chave do apartamento pro Marcos, ele não conseguiu alugar o imóvel novamente até hoje! 

Sei bem disso pois sigo morando no mesmo prédio e a placa de "aluga-se" continua pendurada lá, o anúncio continua no site da imobiliária, os porteiros me dizem que ninguém morou lá desde que eu desocupei, enfim, uma série de provas de que me botar pra fora do apartamento foi uma decisão extremamente horrorosa. 

Vamos calcular o prejuízo do Marcos desde que ele me botou pra fora?

Deixou de receber R$ 18.400,00 de receita de aluguel.
Teve que pagar aproximadamente R$ 9.000,00 de taxa condominial.
Teve que pagar R$ 528 de IPTU.

Parabéns, Marcos! Você é um gênio do ramo imobiliário.

Passemos para outra história.

A IMOBILIÁRIA:

O espaço físico da minha empresa era composto por 3 salas comerciais alugadas, uma ao lado da outra.

Tava tudo muito bem até que, em meados de 2015, em plena crise econômica, a imobiliária que nos alugava uma das salas quis reajustar o aluguel de R$ 800 para R$ 1.020,00. 

Minha reação. De onde essas pessoas estão tirando esses reajustes estúpidos? Será que elas nunca ouviram falar em IGPM?
Como era uma sala de canto que não comprometia o resto do espaço físico da empresa, optamos por desocupar e devolver a sala em questão (comentei sobre esse acontecimento nesse post), ficando com as duas salas restantes.

O mesmo azar que atingiu o Marcos também atingiu a imobiliária: estamos em outubro/2016 e a sala que desocupamos em junho/2015 não foi alugada até hoje.

Vamos ao prejuízo que o proprietário da sala teve que engolir: 

Deixou de receber R$ 12.800,00 de receita de aluguel.
Teve que pagar R$ 3.200,00 de taxa condominial.
Teve que pagar IPTU, não faço ideia quanto.

VILMA, A PRÓXIMA VÍTIMA:

Como disse pra vocês, desocupei o apartamento do Marcos e aluguei outro no mesmo prédio.

Venho morando no apartamento da Vilma há 1 ano e 11 meses e, agora que estamos chegando no 2º ano de locação, ela resolveu crescer o olho e tirar uma grana a mais do meu bolso.

Como eu já disse no post passado, a porra da Vilma simplesmente quer renovar o contrato por mais um ano aumentando o aluguel de R$ 900 para R$ 1.150,00!

É um aumento de mais de 25%. Obviamente não vou tolerar isso e já estou providenciando uma nova moradia.

O que Vilma não sabe é que minha macumba é forte, e a experiência vem mostrando que quem me bota pra fora nunca mais consegue alugar imóvel.

Se prepara, Vilma, meses de vacância virão

CONCLUSÃO:

Meus amigos, estamos no país do jeitinho e das maracutaias. Se você tem um imóvel e o aluga para uma pessoa séria, você tem uma sorte imensa. 

Trate com muito respeito esse inquilino, pois encontrar alguém com esse perfil não é a coisa mais fácil do mundo. 

É importante lembrar que não é só porque você é proprietário do imóvel que você está em condição de superioridade em relação ao seu inquilino.

Não proponha reajustes acima do IGPM, nem fique achando que seu inquilino precisa morar no seu apartamento a qualquer custo. Se ele mora no seu apartamento e paga tudo em dia, pode ter certeza que ele tem grana pra morar em outro lugar, ainda mais em tempos de crise em que a vacância está enorme.

Aquele abraço!
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